In Natura

Domingo, 30 de maio de 2010, 01: 17 pm. Acordo com o som do telefone da sala. Olho para o celular e encontro 3 chamadas perdidas de meu pai. Atendo a chamada do outro comodo. É meu irmão na linha, Wolf, me chamando para uma missão: subir a trilha até o topo do Pico do Jaraguá com seu amigo Gu e nosso pai BroadBeans.
Tomei um banho. Aprontei-me com minha bandana, camiseta esportista, shorts, minhas botas de escalada e minha mochila com alguns itens importantes. BroadBeans nos busca de carro. No caminho muitas risadas ao som de All along the WatchTower, versão de Bear McCreary para Battlestar Galactica. Chegando lá notamos a movimentação de um grupo, aparentemente religioso – evangélico – , fazendo a descida da montanha.

Iniciamos a nossa jornada. Meu pai, como sempre, não perdoa e zoa a minha bandana me chamando de “diarista”. Quando algumas garotas passam por nós no sentido oposto ele diz:
- Tá vendo esse menino de lenço? Tá solteirooo...

Mantivemos o ritmo da trilha, enquanto encontramos mais membros do já citado grupo evangélico e outros turistas apenas descendo. Desta vez conseguimos observá-los melhor e perceber um detalhe nas camisetas do conjunto: estava escrito “A fé em um Sonho” ou qualquer coisa do tipo.
- Subir de carro e descer a pé todo mundo faz. Quero ver subir e descer como a gente! – brincou mio papa.



Como é lindo o Brasil selvatico. A natureza é envolvente, como uma dose de diabo verde, estimulando todos os seus sentidos em uma onda revigorante.









Também nos deparamos com um casal bonito e jovem, que tinha aparentemente se comido fotografado a Mata Atlântica. Tomamos um caminho alternativo, sem percebermos, nos embrenhando num trecho íngrime, cada vez mais vertical. Com certa dificuldade, alcançamos o final do atalho, uma estrada. Seguimos por ela até a praça que precede a escada até o topo, uma escada que parecia nunca terminar. Vitória! O cume foi alcançado UI!

Um gosto de sangue invade minha boca – era meu aparelho cortando meu lábio inferior. Linda paisagem. Água nunca pareceu tão gostosa. Abro um pacote de Ruffles e divido com o pessoal. A paz só é perturbada pelos gritos de alguns desrespeitosos com suas preces. Olha só, não vou entrar em nenhum debate teológico, mas existe uma coisa que certas pessoas não se ligam: respeitar o espaço alheio. Tudo bem, pode ter a sua religião, qualquer uma – pode adorar uma batata que não dou a mínima- , mas se quer ter sua crença respeitada respeite a dos outros, não fique impondo nada PORRA!



Bom, depois voltamos cantando Raul Seixas, Sidney Magal e Ira!. O dia teve seu epílogo no McDonald’s com um saboroso Mcnífico.